terça-feira, 10 de junho de 2008

Iº Seminário de Avaliação e Reprogramação do Projeto Nosso Igarapé

Acontece hoje o Iº Seminário de Avaliação e Reprogramação do Projeto Nosso Igarapé, desenvolvido nas 18 comunidades da região do Eixo Forte que sobrevivem da agricultura de subsistência, pesca, venda de frutas e artesanato.

A região é caracterizada principalmente pela existência de inúmeros igarapés que atravessam as comunidades e desembocam no Rio Tapajós, além de áreas naturais conservadas.

Para falar sobre os trabalhos realizados com moradores das comunidades o apresentar do jornal Bom Dia Santarém, da TV Tapajós (filiada da Globo), Carlos Silva, conversou com o Leonardo Bemergui, monitor da Novo Encanto em Santarém, uma das entidades parceiras do projeto.


Carlos Silva: Como nasceu o projeto Nosso Igarapé?

Leonardo: Esse projeto nasceu em 2006 com o intuito de recuperar os mananciais hídricos da região do Eixo Forte, que é a nossa área de atuação no município. Não se prendendo a essa área de atuação, estamos atuando na área urbana de Santarém, no Uruará, mas sempre com o foco na região do Eixo Forte. Como você bem falou, são 18 comunidades e estamos a princípio no Cucurunã, que é uma área bem degradada. Fizemos uma avaliação em 2006, um trabalho em 2007 de plantio de mudas e agora vamos retomar essas atividades juntamente com o Estado - na Penitenciária e com o município – Isam.

Carlos Silva: Quais foram os principais problemas encontrados por vocês no início dos trabalhos?

Leonardo: Primeiramente a falta de conhecimento por parte da população local, moradores e pessoas que utilizam o igarapé para lazer nos finais de semana, fazendo barragens, desmatando o igarapé. E também fazendo atividades de mineradoras na área, que são freqüentes e algumas sem licença ambiental. Essas são as principais, e também a pecuária extensiva na região.


Carlos Silva:
Há outros projetos em andamento na região?

Leonardo: Nós temos parcerias com Ong’s do setor, juntamente com o setor. Estamos agora com a avaliação do projeto Nosso Igarapé e nós estamos com a proposta de trabalhar com a Penitenciária unicamente, nessa fase, para liberarem a barragem que eles têm na região, que retêm a água do igarapé e diminui o seu fluxo. Mas para frente nós temos os trabalhos indiretos nessa área de recuperação. Que é a parte de educação ambiental com as crianças nos colégios da região para, juntamente com o trabalho técnico dá suporte para essa ambientação da área.

Carlos Silva: Quem vai ministrar essas palestras?


Leonardo: Essas palestras serão feitas pelos representantes das Ong’s subsidiadas pelo Isam. Tivemos um período desse trabalho de palestras com as escolas, mutirões de trabalhos com as crianças, incentivando e orientando sobre como que tem que ser feito o uso dos recursos da região.

Carlos Silva: Qual a atual situação da degradação na região?

Leonardo: Nos igarapés e lagos que nós conhecemos, nós temos um índice muito alto de degradação ambiental. Inclusive no Cucurunã, quem passa por lá não percebe, mas o igarapé diminuiu sem fluxo assustadoramente. Antigamente, regiões que tinham dois metros de profundidade do leito do igarapé, hoje nós encontramos um palmo, 10, 15 ou 20 cm. Isso se dá justamente pela extração de minerais as margens das nascentes, retirada da vegetação. Não só do ponto de vista ambiental, mas social também, é um dano ambiental fortíssimo pois o igarapé do Cucurunã abastece São Brás, que por sua vez abastece o lago do Juá, que é um berçário natural de peixes. E afeta Santarém inteiro, não só os moradores da comunidade.

“A questão da contaminação”, interrompe o entrevistador.


Leonardo:
Nós ainda não temos dados sérios que comprove. Mas a visualização, para quem conhece, já dá para perceber. Pela coloração da água. Nós podemos ver animais soltos na região as margens dos igarapés.

“Com a chuva é possível ver, que principalmente os igarapés que ficam as margens da Rodovia Everaldo Martins ultrapassam pelo asfalto e acabam prejudicando esses igarapés”, comenta o apresentador.

Leonardo:
Com certeza. Nós estamos querendo fazer agora um trabalho para comprovar essa contaminação do igarapé. Nós não podemos iniciar um problema maior sem ter a comprovação em papel.

Carlos Silva: Quais são os trabalhos e conscientização que vocês realizam?

Leonardo: Nós realizamos palestras e inclusive estivemos parados agora justamente por mudar o foco do Eixo Forte para o Irurá. Mas agora nós vamos voltar com esse trabalho de conscientização. Nós também fazemos seminários e tivemos uma semana Agro-ecológica no ano passado, onde surgiu algumas propostas e parceiras maiores, justamente focando as crianças, as escolas. Porque é a partir da criança educada que teremos um adulto cidadão bem mais educado também.

Carlos Silva: Como a população reage à esse trabalho de conscientização???

Leonardo: A população na maioria das vezes já conhece alguma coisa a respeito. Mas não tem o incentivo, muitas vezes do governo, para continuar esse trabalho e ficar mais esclarecido. Então, nós com essa parceira com o Isam, estamos querendo expandir essa percepção ambiental para todas as classes da população.


Iº Seminário de Avaliação e Reprogramação do Projeto Nosso Igarapé

Programação:

08:00 h - Abertura
09:00 h - Resgate histórico do problema (Grupo Verde);
09:30 h - Diagnóstico da situação (Novo Encanto);
10:00 h - Ações realizadas em 2007/2008 (ISAM);
10:30 h - Programação para 2008/2009 (trabalho em grupos);
11:00 h - Plenária;
12:00 h - Encerramento com almoço de confraternização.
*Clique na segunda imagem e assista a entrevista na íntegra.

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